quinta-feira, outubro 23

queria ter o poder de ler por dentro, para não ter que aprender a ser serralheira
desilusão.As minhas expectativas acabam sempre por ser esmagadas,
ofertei o benefício da dúvida vezes de mais, foram vezes de menos aquelas
que eu deveria ter recebido. Esmoreci completamente e esvaziaram-se os
meus bolsos, não aposto em mais ninguém.Não julgo, não critico,
não copio o mal. Não me deixo influenciar. Apenas sinto tudo a desmoronar.
Acabo por voltar sempre ao mesmo, "o que não me mata só me faz mais forte",
e por esta altura já me sinto um verdadeiro Hulk.
Apenas deixa-me triste ver constantemente nas pessoas, tudo o que pode
haver nelas de errado.
Hipocrisia, mentira, vingança, traição, egoísmo, mesquinhice, inveja...
E o pior de tudo é que se nos apercebemos disto nos piores momentos.Ainda
assim mais vale tarde do que nunca. E o que posso fazer eu agora?
Exigir misericórdia, compaixão, amizade, amor fraterno, o simples
estou aqui para te ajudar?...
Não.Porque não sou mãe, nem escrava nem nada de niguém. Vou continuar em frente
porque nao preciso de mais pedras no meu caminho.Vou-me soltar de tudo aquilo
que eu considerava sagrado e inquebrável e aceitar que nem tudo é o que parece.
Fui iludida mesmo à david copperfield.
E cresco.Admito os meus erros e apercebo-me que está na altura de crescer.
Fazer sacrifícios para que eu possa ser tudo aquilo que sempre quis e mais.
Para tal, mais vale esquecer as âncoras que me prendem no mesmo lugar,
livrar-me delas, deixá-las no fundo do mar.
Fodê-las mesmo à grande.Pois quando elas precisarem de quem lhes ajude a
carregar o seu próprio peso, eu já terei navegado para bem longe.
perdi o meu rumo e quis que alguém me apontasse o caminho.
mas neste país de estrangeiros não compreendo a sua língua.
chego sempre à conclusão de que tenho mesmo que me desenrascar sozinha
porque tem sido assim desde o início.
gostava de ser a única e infelizmente o sou, mas nunca nos departamentos que desejava silenciosamente.
não sei o que queres nem o que eu quero também, só sei que realmente encontro paz e sentido no calor da noite, que me diz que posso sobreviver com este pouco mais que é sempre o meu tudo