quinta-feira, novembro 29
Viro-me
Estou perdida e não há agentes da polícia por perto. Vou ter que me desenrascar sozinha.
E não é surpresa nenhuma. Não existe qualquer tipo de espanto em mim. Nada de bocas abertas à espera que lhes levem a colher à boca, nada olhos arregalados sem acreditar no que está a frente. Não sei o que é isso. Não ia começar a aprendê-lo agora.
Porque a vida é feita de ciclos, de reciclagem do que está usado para se tornar novo.
Por isso vou recomeçar aquilo que acabei, aquilo que ficou por instantes congelado. Quer me faça sangrar, quer me faça suar, quer me faça chorar, quer me faça sacrificar ou martirizar.
Vou recomeçar e acabar desta vez num sitío melhor, o imaginário vai ser real e não vou ter medo.
Às vezes temos apenas que arriscar e eu não tenho nada a perder nesta vida efémera. Por isso corro, lesionada, incapacitada, enfraquecida e não pararei de correr. Não nos interessa só o fim. A viagem também conta. O que vês, os sons que escutas, os sabores que nos acariciam e dos quais nunca te esquecerás, porque quando te fores embora serão essas memórias que te manterão vivo. Eu quero viver.
Então corro.
Sem medo.
Arrisco.
Que se foda a passividade
Ascenção e Apogeu
O meu mundo é sensação...
Transformação
Paragem Cerebral
Tentativa macarrónica
Directamente do Vazio
Atenção
Será terminada com sucesso a fase em que todos os esforços são ignorados em vão, em que ninguém quis se deslocar, embora houvesse vontade desequilibrada.
Será ultrapassada toda a desarrumação, porque a razão precisa de alimento, a imaginação já está exacerbadamente repleta de nutrientes, obesa, decide ser eutrófica e contaminar tudo o que me irá rodear durante os longos momentos de pausa constante. E ainda bem, porque não conseguia visualizar a minha carne ambulante ser racional de um modo rectilínio e indefinido. Serão relembradas todas as proteínas que irão ser retiradas da minha dieta diária, porque passei tempos em que de vocês vivia e me drenavam o interior, sugavam tudo o que tinha e eu não chegava para mais ninguém. Passei a ser faquir e ja não preciso de me alimentar disso porque tenho um sistema imunitário para contra os lípidos e os ácidos agordos. E apesar de vocês não crescer mais falacerei um pouco aqui dentro no estômago, ficara um vazio provocado por bílis, a vossa ausência mora aqui.
Serão dispensadas as bocas desnecessárias, porque elas são mesmo desnecessárias. Nunca foram benéficas para o meu lado, só me fazem acumular mais raiva descarregável para cima de ti vaca. Não penses que lá por seres sagrada no caralho mais velho. Não significas nada para mim.
Serás libelinha,certamente acordada, para um novo despertar. Recuperarás os teus sinais vitais, mais fortes do que nunca. Porque sei que crês naquilo em que eu acredito e a nossa melhor alternativa é mudar um pouco o quão estúpidas fomos.
Será utilizado o meu remo, para vos espancar maldosos, voltem todos para a vossa terra. Aqui não há lugar para me foderem cornos que são ainda uma incógnita bastante palpável e que me fode o cu incessantemente. Não te deixarei mais dúvida, assombrares a minha moral tão pura. Fode-te e sai daqui definitivamente.
Será finalmente destruída a puta da rotina que fez de mim uma pasta mole inactiva sem qualquer tipo de acção/reacção.
Serão acabados os tempos de escravidão contemporânea, para começar a escravidão a full-time. Exploração, sou obrigada a tudo o que evitei ter que apanhar.Talvez o meu sistema imunitário não esteja em tão boas condições como o mesmo sugeria.
Serão postos de parte matéria que me inundava o cérebro, assim não tenho mais que sofrer de diarreia mental em que só me saía bosta da boca, afirmações, teoremas e probabilidades que de nada me servem neste mundo em que o homem come o homem e mata o seu lar por gosto e ganância.
Mas sabes, eu serei remodelada detalhadamente, não quem sou mas o que me rodeia. Tudo será diferente, acabaremos por...mudar. Ultimamente toda a gente tem um problema ocm essa palavra. Mas a mudança deve vir para o bem. Porque o mundo não pára, o tempo corre, nós crescemos.
Tornamo-nos numa evolução ou regressão de nós mesmos, uma versão melhorada ou piorada dos nossos defeitos e qualidades como pessoas.
Seremos diferentes sim. Acredita nisso.
Não me interesssa aquilo que seremos. Continuarei a reviver tudo o que nós fomos crescendo e tudo o que ficou.
Ficou aquela que corrente que nós bem sabemos o que é, continuaremos sócios e a nossa companhia irá lucrar, continuaremos a ser inter-raciais, até mesmo seres extra-terrestres, e nunca o diluente apagará as nossas assinaturas do contrato escrito...sem letras miudinhas.
Que se foda a mudança, aceitá-la-emos com bastante fervor porque ela é natural.
Eu continuo aqui, a mesma diferente que sempre fui.
Que se foda o resto.
O que nós temos nunca foi discreto.
35 feet tall
Como uma pequena mosca, caí numa armadilha de elogios, tecida por uma aranha, daquelas cuja parte de tras e grande e gorda e enoja-me, que nem vontade tenho de pisa-la.
Nao me apetece ficar a olhar para um monte de orgaos arremessados no chao, ainda por cima daquela chamada aranha. Nao. Esta tem que ser esmagada por outra pessoa.
Mas esta ironia agridoce, esmorece-me um pouco e eu rio.Eu rio-me. Escapei daquela teia pois sobrevivi a tempestades extremas, que de alguma forma encontraram maneira de corroer as teias da decepçao, e fugi a quatro asas dali...para agora ver outro inocente,ingenuo e otario ser cair nas teias da generalizaçao humanóide.
Pelo menos agora nao sou eu, ja aprendi a minha liçao. De alguma forma passei de insecto que se alimentava de merda, a lagarta feia e gorda, que evolui para borboleta um belo animal alado e finalmente para aranha, puta manipuladora, que controla tudo aquilo que quiser. Sou um pouco aquilo que nao queria ser, mas sabe bem antecipar tudo o que ai vem, e evitar ser levada pela enxurrada. Uma viuva negra. E isso que sou. Das mais mortiferas, daquelas que matam tudo o que lhes aparece a frente e alimentam-se disso. Nao que eu me assemelhe a este bicho literalmente...mas passa-me a ideia pela cabeça todos os dias.
Todos.
Todos temos em nos a vontade de cometer um homicio deliberado e conseguir escapar. Temos todos, um assassino dentro de nos. Alguns matam relaçoes de longo termo, alguns matam a confiança que se pensava estar depositada num banco seguro, outros matam orgaos quer seja psiquica ou fisicamente, ha tambem os que matam a liberdade metendo-lhes algemas em cima, ha os que matam o tempo que teem, os que se matam a si proprios matando os outros consequentemente...depois ha aqueles que matam todo o passado, abrindo portas ao futuro.Agora sim isto parece-me bem.
Acho que nunca mais vou ver aquele vomito no beco da rua, nunca mais vou ver a inocencia olhar para mim, nunca mais vou conviver com um grupo de yuppies, nunca mais vou tolerar o que tolerei enquanto pequena infanta. Porque agora sou grande.Sou maior do que tu.Nao ha mais nada nesta vida que eu possa aprender, que me fara ainda mais diferente do que sou agora. Porque eu ao contrario de ti, sou um cavaleiro da tavola triangular, tenho uma armadura com resistencia de 1800 pontos. Sou Xama, consigo curar-me a mim mesma sem ter que ir chatear os outros. Sou Elfo defendendo sempre o que acredito estar certo. Sou eu mesma. Nunca mais aturarei as merdas de NINGUEM. Nao sou babysitter de gente grande, nao tenho ouvidos de penico, nao sou tua escrava, leva tu para fora o teu lixo.Nao sou pombo correio e nunca mais serei.
Fodam-se agora, o passado ja nao existe, foi formatado.
La se vao os tempos da autorizacao, e dos transportes providenciados pela geraçao anterior. Ja chega das satisfaçoes dadas, so para satisfazer egos e paz mental.CHEGA de manipulaçoes que visam controlar alguem como qual hipnose barata.Ja nao tem efeito sobre mim.
Deixar de ser ingenua e aproveitar o dia foi a melhor coisa que ja fiz na vida.
Tenho um punho cerrado permanentemente....Nao sabes com quem te vais meter.
Nao sabes mesmo.
Ignore my Conscience
REmovings eye lashes
Breaking jaws and bones
hit my words with sticks and stones
I can't get focused in this dimension
Covered by acid snow
Muscles stressed with tension
Now we all know
That it can't be decoded
And it can't be decrypted
This so much wanted coma
Has to go, to be treated
Fuck you sleepwalker
You creep, narrow-minded
How does it feel to be grinded
Into idiotic residues
Puppet you love to be played
Your strings security?
Gee, I'm amazed
GEt the fuck away from me
Shock therapy
Release me from these restraints
I resemble a tree
My grey mass for you awaits
The scheme wants to be free
I do not carry humam traits
Stinging like a bee
Oh atmosphere what a disgrace!
Must change the pace
The records will be erased
The demons we have faced
Will soon turn into waste
Fuck you dead body
You manequin, horse sighted
How does it feel to be a sheep
The whitest of them all
CAretaker you love to obey
The commands a byble?
Oh I will worship you
My brand new idol
The shepard is anestetisedNo longer being wiseThe shepard is anestetisedWho will introduce my demise?
Interesse
Uma sinapse repentina prende-se-me na laringe
Abrem-se-me os bronquíolos e consigo expirar
Um axónio desprende-se da minha faringe
Vem incinerar o meu corpo sem utilidade
Que nada mais interessa
O contrário será sempre felicidade
A fragilidade mantém-se dispersa
Não saborear passadas no chão
Muito menos olhar cheiros irresistíveis
Não dá para ouvir paisagens com a mão
Mas agarro as notas musicais irascíveis
Quero o som
Quero o pingar das gotas da chuva no meu chapéu azul
Para que se misturem e eu não saiba distinguir
Onde começa o céu e acaba o mar
Quero o sabor
Quero os paladares de caramelo, chocolate e natas
Uma miscelânia que me adoça o bico
E elimina todas as amarguras
Quero o cheiro
Quero o aroma da terra molhada às sextas depois das aulas
Um cheiro aprazível que me invade as narinas
E tudo parece eterno
Quero a vista
Do meu monte vejo o mundo que espera por mim sentado
Resguarda todas as surpresas para mim e enfim
Vejo a lua cortejar os coelhos
Quero o toque
Aveludado que tinha quando nasci
Está escondido, eu nunca o perdi
O calor humano absorveu-o.
Quero tudo que no fundo é o nada
Nada para os outros, tudo para mim
E se este nada é o tudo que nao acaba
O meu mundo nunca terá fim
Porque infinito sempre foi o nada
Em que perduramos assim...
Desejo
Assim que revelo o mínimo detrito
Desfazes-te à minha frente
Como qual castelo de areia de domingo
Abalado pelo vento quente
Não posso estar contigo
És maldito.
Assim que permito a tua entrada
Iludes-me que estou errada
Como os tolos sonhadores
Finjo que sou amada
E desaparecem todos os meus dissabores
És maldito.
Assim que me empenho
Dizes-me que luto em vão
Amachucas o meu desenho
Aquele que eu guardava no chão
Com os rabiscos daquilo que ia ser
És maldito.
Assim que ganho poder nas cordas vocais
O palco começa a colapsar
Fico com falta de ar
Mas sempre a querer mais
Mesmo sofrendo quando o tentas arrancar de mim
És maldito.
Fomentas a inveja não intencional
E a auto-comiseração
Machucas-me o coração
Mas vens comer-me da mão
Porque sem mim não sabes viver
És maldito.
Impulsionas-me para o meio do nada
Porque me fazes querer fugir
Decalco-me numa pintura aguada
O remédio azedo para o esquecimento
Para a mudança poder surgir
És maldito
Cegas-me com esse brilho intenso
Não vejo quem me está debaixo do nariz
Invades-me o pensamento
Como quando eu era petiz
Ruminando apenas em como era feliz.
És maldito.
Protoplaneta
Que é feito do cão que nos assustava todas as tardes quando voltávamos da escola?
Para onde foram levadas as flores amarelas que iluminavam o meu caminho para casa?
Quem levou o mato onde eu me embrenhava sem medo, sem receio?
De que será que o apicultor da área fugiu, deixando as suas abelhas sem acolhimento?
Porque foram esquecidos os passeios de bicicleta na descida da morte?
Quem foi o malfeitor que dizimou as pequenas hortas, esperançosas que se erguiam no meio das ruas?
O que é que impossibilitou a permanência das das crianças na rua a jogar futebol até não haver mais luz?
Em que dimensão residimos agora?
A humanidade progride (supostamente) a uma velodicade estonteante, e eu não consigo focar a mudança que nos rodeia. Tentam tapar-nos os olhos com marketing fútil, que pensa saber sempre o que é melhor para nós. Se calhar quem o puxou da direcção certa fomos nós.Sim...nós.
Porque o markeitng visa lucrar de acordo com as nossas necessidades, embelezando o seu produto - porque se tudo se julga pela capa e não qualidadade – elevando-o à categoria do indispensável.
E à medida que “progredimos”, novas necessidades vão sendo criadas, para que novos produtos ganhem novos compradores. Nós. Os tolos.
Enjaulamo-nos nas nossas masmorras de chips e de automatização, sem nunca pensar no que se passa lá fora.Estamos acorrentados pelo conforto e nem nos apercebemos disso. Os caprichos são mais importantes.
Trocamos os ingualáveis raios de sol, pela radiação dos ecrãs, a relva fofa cor de jade pelos sofás de polyester, as nêsperas pelos aperitivos cheios de conservantes, o contacto com outros pelas compras, pagamentos, inscrições e conversas on-line. E a cada dia que passa, o calor humano desce gradualmente...kelvin a kelvin.
E somos nós que estamos a congelar.
Não foi a idade do gelo há milhões de anos atrás? Acho que sim. Continuemos a “progredir” assim, talvez possamos reviver a era mesozóica.
Desnecessariamente deambulamos aos zigue zagues neste labirinto instável e não sabemos aonde vamos parar. E perguntam-se porquê.
Eu sei.
É tudo porque as andorinhas fugiram, o ar é irrespirável.
É tudo porque o dono do cão faleceu, indo a pobre criatura para um canil com o intuito de ser abatida. E o terreno onde morava dará lugar a mais casas empoleiradas umas nas outras.
É tudo porque as flores foram arrancadas para dar lugar a parques de estacionamento para bestas fumegantes .
É tudo porque o mato transformou-se num armazém de entulho.
É tudo porque não há condições para criar o mínimo de natureza possível, pobres abelhas sem direito de viver.
É tudo porque o “fixe” agora é andar num carro “quitado”, bicicletas são do século passado.
É tudo porque algum ganancioso quer urbanizar o mundo inteiro.
É tudo porque neste mundo comemo-nos uns aos outros. Corroemo-nos de inveja, maldade. Criam-se novos desejos de luxúria em nós, e já não é seguro haver confiar uns nos outros.
Vivemos na metrópole da perdição.
Numa sociedade em que a beleza das coisas simples é esquecida, a resposta para todas as perguntas complicadas sobre esta maldição rotineira e urbana, é tão simples quanto olhar para as estrelas.
Ainda somos neandertais.
Pelo menos sei que sou humana. Consigo ver a lua da minha janela, pregada num crepúsculo intenso em tons de azul e roxo.
Única como ela só.
E sinto borboletas esvoaçarem na minha barriga.
Ciclo vicioso
Tiraste-me do baloiço quando estava a baloiçar
Partiste-me as pernas quando estava a correr
Arrancaste-me os dedos quando estava a desenhar
Tapaste-me a boca quando quis cantar
Furaste-me os olhos quando quis ver por mim própria
Que tu não és aquilo que sempre quis ser
És apenas uma miragem daquilo que eu queria que fosses
E quando começo a olhar perto de mais
Não passas de um ego que olha apenas para o seu umbigo
E faz de mim um morador indesejado
Porque a moeda é mais importante
Sou apenas uma conta para ti?
Sou.
Não te preocupes, assim que liquidar as minhas dívidas
Liquidarei para sempre a conveniência que nos une
E não terás mais poder sobre mim
Não quero saber da verdade ou da mentira
Não me interessa o que os outros pensam
Quero só um pouco de paz
Que me deixes só no meu prado
E então qual é o mal de querer apenas correr
Se é isso que me deixa com um sorriso eterno de gratificação?
Ao invés disso fazes-me viver em coma...
Já chega
Quero que me largues
Não deixes a luz acesa
Se tenho que permanecer aqui
Apaga a luz
Que me reconfortem os meus sonhos...