quinta-feira, novembro 29

Viro-me

E vejo um caminho. Diferente de todos os outro que ja tinha visto, aqueles a que fui apresentada bruscamente, como um estalo que vem da mão do padre.
Estou perdida e não há agentes da polícia por perto. Vou ter que me desenrascar sozinha.
E não é surpresa nenhuma. Não existe qualquer tipo de espanto em mim. Nada de bocas abertas à espera que lhes levem a colher à boca, nada olhos arregalados sem acreditar no que está a frente. Não sei o que é isso. Não ia começar a aprendê-lo agora.
Porque a vida é feita de ciclos, de reciclagem do que está usado para se tornar novo.
Por isso vou recomeçar aquilo que acabei, aquilo que ficou por instantes congelado. Quer me faça sangrar, quer me faça suar, quer me faça chorar, quer me faça sacrificar ou martirizar.
Vou recomeçar e acabar desta vez num sitío melhor, o imaginário vai ser real e não vou ter medo.
Às vezes temos apenas que arriscar e eu não tenho nada a perder nesta vida efémera. Por isso corro, lesionada, incapacitada, enfraquecida e não pararei de correr. Não nos interessa só o fim. A viagem também conta. O que vês, os sons que escutas, os sabores que nos acariciam e dos quais nunca te esquecerás, porque quando te fores embora serão essas memórias que te manterão vivo. Eu quero viver.
Então corro.
Sem medo.
Arrisco.

Sem comentários: